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domingo, 15 de maio de 2011

The Truth: Suas memórias não estão mais seguras.

Nota: Eu deletei o post anterior (o Desabafo Master) por duas razões: 1ª Porque, depois de pensar bem, eu não estava tão brava quanto parecia, era mais um descarrego de tudo, com toda a raiva centrada naquele momento. 2ª As pessoas que falaram comigo já pediram desculpas e eu já as desculpei, então não tinha motivo daquele post ainda existir, já que o momento havia passado. Ah, e obrigada (sim, obrigada!) as pessoas anônimas que comentaram naquele post porque, apesar de eu não gostar que comentem anônimo, foram críticas boas e que no mesmo dia em que eu fiz o post, já havia pensado.

Atenção: Não existe mais a página onde eu postava as histórias! Agora eu "modernizei" tudo e então você pode acompanhá-la direitinho pelo link ao lado onde está escrito: The Truth!

Aleluia saiu! Eu não tenho como pedir desculpas pelo tempo que fiquei sem atualizar a história. Prometo que isso não vai acontencer de novo! Espero que vocês curtam esse capítulo do jeito que eu curti. See ya!



Nota: Esse capítulo é meio enrolado para entender. Então, leia com cuidado senão você se perde!

Capítulo Quatro


4h 13 am

- Suzannah! Suzannah! – gritava o anjo. – Eu te falei não foi! Porque você fez isso Suzannah? Por quê?
- O que foi que eu fiz? – eu não entendia. O que havia feito de errado afinal?
- Esqueceu a verdade Suzannah. Deixou que ela fosse embora. Eu te pedi para lutar, para não esquecer!
- Mas eu não sei do que você está falando! – a expressão do anjo me deixava desesperada. Porque ele estava tão bravo comigo. Aquele rosto tão bonito estava com a feição errada. Eu o conhecia afinal. Só não sabia de onde.
- Olhe Suzannah, olhe o que você fez! – gritou o anjo. E em um piscar de olhos, a paisagem escura a minha volta foi substituída por outra.
Um campo de concentração. Pessoas andando em fila. Soldados. Um homem com uma expressão sombria carregava um carrinho. Um carrinho lotado de roupas de criança. Uma menina parou na minha frente. Devia ter no máximo quatro anos. Mesmo suja de terra era linda. Ela me olhou com olhos suplicantes e continuou a seguir a fila. Parou poucos metros depois. Virou-se para mim novamente. Uma lágrima escorreu pela sua face. Um gesto de adeus. Uma soldada que segurava uma arma postou-se na sua frente e levantou a cabeça. A soldada era eu. E então, o tiro foi dado.
Acordei gritando e me deparei com o escuro. Estava sentada em algum lugar macio. Uma cama talvez. Não tive tempo para pensar. Precisava correr. Precisava salvar a menina. Pulei, batendo os pés no chão frio. Corri para a porta e escancarei-a. Olhei para o corredor vazio na minha frente e corri para a direita. Não sabia onde estava indo, mas não podia ficar parada. Tinha que salvá-la, antes que fosse tarde demais.
Meus pés protestavam. Ao que parecia, fazia um certo tempo que eles não eram usados. Não me importei. Uma saída. Aleluia. Corri mais rápido. Faltavam poucos metros. Segurei a maçaneta e abri a porta. Um barulho alto e eu estava no chão. Olhei para cima, para ver o que havia acontecido e vi o que me acertou. Eu sorria, enquanto segurava uma arma.

Acordei sobressaltada. Olhei em volta, tentando me localizar. Uma mulher, sentada em uma poltrona, sorria hesitante para mim. Eu a conhecia. Era Lílian o seu nome. Mas não me lembrava de tê-la visto alguma vez.
- Suzie querida! – disse Lílian com alívio. – Que bom que acordou. Eu e seu pai achamos que você não iria mais levantar.
Sentei-me e olhei em volta. Estava em um quarto. E que belo quarto era aquele. Havia uma escrivaninha de mogno, uma penteadeira antiga e a cama onde me encontrava era grande e tinha um dossel. As paredes estavam pintadas em um tom de creme, tirando a parede que ficava atrás da cama, que estava pintada de lilás. Era lindo, muito bonito. Algo em minha cabeça me disse que aquele era o meu quarto.
- Bem, não fique aí o dia todo querida. Venha, vamos tomar café. Seu pai já está esperando. –disse Lílian, oferecendo-me a mão.
Desci a escada, ainda confusa. De algum modo, sabia que aquela era a minha casa, mas tudo parecia estranho. Não me lembrava de um único objeto sequer, mas de alguma maneira, meu cérebro sabia que ele estava ali. Decidi que não me incomodaria com isso naquele momento. Eu estava com fome de qualquer maneira. Chegando à cozinha, recebi um bom dia de um homem do qual não me lembrava de ter visto, porém sabia que se chamava Kurt e que era meu pai. Decididamente eu estava esquisita naquela manhã. Mas ambos estavam sendo tão gentis comigo, que tranquei minhas dúvidas em uma gaveta e joguei a chave fora.
Comi mais do que podia agüentar. No final do café, minha barriga protestava. Eu comera tudo o que me ofereceram, como se não comesse comida decente há dias. Papai e mamãe, como decidi que os chamaria, aprovaram meu furor.
- Agora só falta uma coisa. – disse mamãe. – Não me esqueci do suco de mirtilo que você me pediu.
Ela me estendeu um copo que continha um líquido azul. Mirtilo, ela dissera. Segurei o copo, agradecendo. Meu cérebro queria que eu tomasse o suco. Era como se ele achasse que fosse vital para mim. Encostei o copo nos lábios. Nesse momento, uma parte remota da minha cabeça se mexeu, dizendo para eu não beber. Era uma parte pequena, distante. Eu não lhe dei ouvidos. Já tinha dúvidas demais para um dia. Entornei o copo, bebendo todo o conteúdo. Era doce demais, mas mesmo assim agradeci à minha mãe. Afinal, ela disse que eu pedira. E, de acordo com o meu cérebro, eu deveria ser boa com Lílian e Kurt.
O resto da semana passou tranquilamente. Aos poucos, eu começara a me familiarizar com a casa e com isso, as dúvidas foram indo embora. Todo o dia, era a mesma rotina. Incluindo o suco de mirtilo. Mesmo quando eu realmente não queria, mamãe insistia para que eu tomasse. E assim eu fazia. Naquela manhã, ela me pediu que ligasse para uma senhora chamada Honoria, que de acordo com ela, era nossa vizinha. Como não sabia o telefone, fui consultar a lista telefônica. Passado algum tempo, encontrei o número. Quando a linha estava chamando, olhei distraidamente para o nome que estava abaixo do de Honoria. Hospital Sendridge.
Imagens invadiram a minha cabeça com tanta força que eu arfei. Tudo voltara. O hospital, o doutor Reynolds, o corredor, Agatha, o líquido azul, os lábios de Valerie se abrindo em um sorriso, o anjo e a garota. Uma lágrima escorreu pelos meus olhos. Meu cérebro estava em polvorosa. Nada mais fazia sentido. A verdade era, eu estava com medo. Morrendo de medo.
- Alô. – uma voz disse pelo telefone que agora estava no chão. – Alô? – disse a voz novamente. - Num átimo, coloquei o telefone no gancho.
- Suzie querida, já ligou para Honoria? – perguntou Lílian do andar de cima. De repente, soube o que deveria fazer. Dirigi-me silenciosamente para a porta de entrada, abri-a e sai. E então, saí correndo, não me importando para onde, sabendo apenas que tinha que sair de perto da casa, de Lílian e Kurt, das lembranças, de tudo. Nunca iria acabar não é mesmo?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

The Truth : Suas memórias não estão mais seguras.

Aviso: Esse será o último capítulo que eu irei postar solto no blog, no meio de outras postagens. A partir de agora, toda a história estará em uma página separada, que você pode acessar olhando para cima, do lado de onde está escrito "A Autora". Estando em uma página separada, não dará para comentar então please, deixa um recado falando sobre o que você achou do último capítulo na minha Cbox. Lembrando que essa medida é temporária. Vamos ver como será. Apenas não deixem de me falar o que estão achando. Afinal, isso é o que me faz continuar. Ah, a foto é por causa de uma frase dita neste capítulo. Enjoy.



Capítulo Três


- Sente-se. – foi a frase que me recebeu. E eu, obedientemente, sentei. Não havia a menor chance de não colaborar com o que quer que fosse. Nesse ponto, eu estava totalmente perdida.
- E então querida, como estamos passando hoje hein? – disse uma mulher, sentada atrás de uma grande bancada. Ela era alta, loira, com cabelos ondulados que pareciam brilhar. Tinha olhos azuis e um grande sorriso, que se mostrava convidativo, porém não chegava aos olhos. Estranho como todos aqui eram bonitos. Olhar para as pessoas daqui estava se transformando em um baita golpe na auto-estima. Ouch.
- Hum, bem eu acho... – respondi, deixando escapar a primeira frase que me veio à cabeça.
- Bom, não era para menos. – disse a mulher, arrumando-se melhor na cadeira. – Afinal, seu acidente foi realmente grave não é mesmo?
- Bem, pra falar a verdade, eu não sei. Todos se recusam a me dizer. Talvez você possa me falar. – disse, com ênfase no “você”.
- Primeiro vamos ao seu exame. Há muitas pessoas lá fora, no corredor, esperando para serem atendidas. E não queremos nos demorar. – disse ela, se levantando e indo em direção a um gabinete. Só agora eu reparava na sala. Era grande, porém mal iluminada. Pesadas cortinas de veludo cor de vinho não deixavam passar um raio de sol. Por algum motivo, aquilo me inquietava. Era quase claustrofóbico. A mesa em que a mulher estava sentada era grande e estava lotada de papéis. Combinada com a cadeira de couro preta onde estava sentada parecia a sala de um executivo. Daqueles realmente ricos. À direita, havia um gabinete grande e preto, de onde a mulher retirou um frasco com um líquido azul. E a esquerda, uma máquina, que deveria ser para o exame. Espere um momento. Líquido azul?
- Mas porque está tão séria? - disse ela,vendo que eu estava inspecionando o lugar. Essa frase não era do Coringa? - Bem querida, não fique parada aí. Sente-se na máquina. Fique a vontade. – disse ela, gesticulando para a monstruosidade a minha esquerda. Não me lembro de ter visto alguma vez uma máquina tão grande. Pelo menos, não para fazer radiografias.
Fui me dirigindo para a máquina, onde me sentei e me acomodei. Enquanto isso, toda a minha conversa com o homem delirante do corredor passava pela minha cabeça. Líquido azul. Não tomar. Certo. Não é? A verdade é que estava em um dilema. Em que acreditar? Ou melhor, em quem? Em Agatha e no louco do corredor, ou... bom, ou no resto das pessoas,que me chamavam de querida e que, pelo o que vi, viviam sorrindo. Meu cérebro estava dividido em duas partes. Na parte boazinha, que me dizia para acreditar em todos menos na Agatha e no louco do corredor, que eu deveria ser prestativa e que deveria colaborar. E na parte má, que mandava a boazinha calar a boca.
- Esse líquido faz parte do exame e você terá que tomá-lo Suzannah. – disse a mulher. Peraí, como ela sabia meu nome? O lado mal entrou em polvorosa.
- Co- como a senhora sabe meu nome? – perguntei, antes que pudesse conter as palavras.
- Ah querida, não precisa me chamar de senhora. Sou a Dra. Hotchkins. Mas pode me chamar de Valerie. – disse, sorrindo. Por um minuto, quase acreditei naquele sorriso. Quase.
- Valerie. Certo. Hum... Valerie, como sabe meu nome? – perguntei, sem jeito. A verdade é que eu estava tentando ganhar tempo. Tentando decidir se escolhia o lado bom ou o lado ruim do meu cérebro. O lado ruim estava ganhando de lavada.
- Enquanto estava em coma, fui sua médica querida. Fui eu quem cuidou de você, ministrou seus remédios, verificou seus sinais vitais. Basicamente, eu sou grande parte da razão de você estar aqui hoje. – Valerie sorriu. Não gostava daquele sorriso. Tinha algo de perturbador. Ou talvez, eu estava ficando paranóica. Como o homem do corredor.
- Obrigada... eu acho... – murmurei. Talvez eu estivesse ficando mesmo paranóica. Talvez eu estivesse completamente enganada e todos aqui estavam querendo me ajudar. Talvez, estivesse me preocupando a toa, enquanto deveria tentar colaborar ao máximo. Talvez, Lílian e Kourt fossem meus pais e eu tivesse sofrido um grave acidente. “É e talvez Elvis não tenha morrido” falou o lado mal do meu cérebro. Droga, eu não conseguia chegar a uma conclusão. Meu cérebro parecia um ringue de boxe.
- Não há o que agradecer querida. – disse Valerie, obviamente sorrindo. – Agora, vamos começar o seu exame não é? Primeiro, beba o líquido. Ele é um corante que irá nos ajudar a ver melhor os resultados da sua radiação. É como uma anestesia geral. Você dormirá durante o exame e acordará no quarto. Tudo muito simples.
E agora, o que fazer? Minha cabeça estava a mil, ambos os lados gritando suas opiniões para mim. “Corra!”. “Não, fique e faça o exame!”. “Não beba esse troço!” “Beba!”. “Essa mulher é má!”. “Ela só está ajudando. Ela te trouxe de volta do coma!”. Ai. Logo, logo, teria uma enxaqueca. Das grandes.
- Vamos querida. – disse Valerie. – Quanto menos demorarmos, mais rápido será o exame e mais rápido poderemos tirar você do hospital. – ela me estendeu o frasco, o líquido azul brilhando dentro dele.
Ah Meu Deus, o que eu fazia? Não poderia sair correndo, me pegariam facilmente. Também não poderia gritar por ajuda, pois ninguém me ajudaria. Na verdade, eu provavelmente ganharia um sossega leão e uma hora na ala psiquiátrica. Também não queria tomar o líquido. O que aconteceria comigo? De repente, me dei conta. Não sabia o que aconteceria comigo, mas com certeza não poderia ser pior do que ficar em coma. Para quem ficou 4 meses, tomar um treco azul era fichinha. Talvez eu me transformasse em um Smurf no final.
- Suzannah querida, ande logo. –disse Valerie, já impaciente. – É apenas uma radiografia querida. Tudo isso é apenas para o seu bem, para te ajudar. Façamos assim: Faça o exame e quando você acordar prometo que responderei pessoalmente todas as suas perguntas. Não negarei respostas. Mas tome o corante. Não se preocupe, é tão rápido que não dá para reparar. Será como se não tivesse acontecido. – ela me estendeu o frasco novamente, dessa vez decidida.
E o que eu poderia fazer? Dar um tapa na cara dela? Sair correndo? Não no meu estado de recém saída do coma. Seria infantil e muita burrice tentar. Nesse momento, eu não tinha chance a não ser colaborar.
Então, engoli meus medos e meus piores temores, tranquei o lado mal do meu cérebro em uma gaveta e joguei a chave fora, respirei fundo e peguei o frasco. Olhei para o líquido azul brilhante enquanto repetia mentalmente: “Será como se não tivesse acontecido, será como se não tivesse acontecido...”. O lado ruim do meu cérebro, agora em quarentena até tentou se manifestar, mas eu não dei ouvidos. Encostei o frasco nos lábios e olhei para Valerie. Ela me olhava ansiosamente. E então, sem pensar em mais nada e ávida por calar as vozes em minha cabeça, entornei o vidro. O líquido desceu pela minha garganta, minha visão ficando instantaneamente turva. E então, afundei em meu subconsciente.
A última coisa de que me lembro é dos lábios de Valerie abrindo-se em um sorriso.

domingo, 30 de janeiro de 2011

The Truth : Suas memórias não estão mais seguras.

Aviso: Vou começar a postar os próximos capítulos apenas nos domingos todo domingo. Então, para quem tem probleminha - hehehe não entendeu, domingo é dia de história. Nos demais dias, as postagens serão normais ( ou seja,não histórias-dã!). Ah, só para esclarecer, a foto é um corredor escuro. E PLEASE, não se esqueça, leia do 1° capítulo pra cima!



Capítulo Dois

- Suzannah? Suzannah! Oh, querida você acordou! Kurt! Kurt! Venha aqui! – berrou no corredor a mulher a minha frente. Alta, magra, aparentando um 38 anos, com longos cabelos loiros e curvas de dar inveja. Pela voz, vi que a linda dona daquele corpo era Lílian.
- Quê? O que foi Lily? – disse Kourt, tentando recuperar o fôlego. Kourt, assim como Lílian, poderia ser modelo de cuecas Calvin Klein. Alto, musculoso, igualmente loiro, na casa dos 35 mais ou menos, ele era tão lindo quanto sua mulher. O tipo de casal que faria convidados de festas sentirem um forte golpe na autoconfiança só por estarem no mesmo ambiente. Gente muito Hollywood, que eu adoraria ser vista andando junto, tirando o fato de eles saberem quem eu era, mas eu nunca tê-los visto na vida.
- Bem, veja quem acordou! – disse Lílian, apontando para mim e sorrindo. – Você dormiu muito Bela Adormecida!
- Olá – disse Kourt. – É bom vê-la finalmente acordada! Como está se sentindo?
- Err... – foi só o que consegui dizer.
- Ah querida, você deve estar tão confusa. Eu entendo. Eu vou... Eu vou chamar o Dr. Reynolds! – disse Lílian por fim, saindo do quarto apressada.
- Então – disse-me Kourt. – O que acha?
- Hmm, do que exatamente? – ugh, minha voz estava tão errada! Parecia uma soprano rouca. Como se não a usasse há muito tempo.
- De tudo! – disse Kourt, gesticulando para o quarto. – De mim, de Lílian, de tudo!
- Bom... Hmm. É... Confuso. – eu estava lutando com as palavras. Mas confuso era provavelmente a melhor para descrever o que eu estava sentindo.
- Bem eu não esperaria menos do que confusão. – disse uma voz, vinda da porta. –Você ficou desacordada por muito tempo.
- Muito... Tempo? – eu falava com lentidão. Meu cérebro estava uma bagunça, todo confuso e nublado. Me perguntei se a morfina seria a culpada por essa neblina.
- Oh sim, realmente um longo tempo. Precisamente 4 meses e 7 dias. – disse o homem. Reparando agora, vi que deveria ser o tal Dr. Reynolds. Alto e esguio, mais do que se esperaria de um senhor que deveria estar na casa dos 60, Reynolds era uma figura e tanto. De jaleco branco e segurando uma prancheta, ele me examinava com olhos curiosos e atentos. Odiaria me deparar com uma figura assim em uma rua escura.
- Quatro meses! – disse espantada. – Mas o que houve comigo?
- Calma, explicarei tudo depois. – Reynolds tentava me acalmar. Quanto mais fazia isso, mais nervosa eu ficava. – Primeiro, teremos de fazer testes de rotina. Você sabe, para checar se você se recuperou.
- Me recuperei do quê? – perguntei irritada. – Mas que droga, o que houve comigo? – agora a neblina em meu cérebro estava se dissipando e eu podia mostrar exatamente o nível de raiva e indignação que estava sentindo.
- Já disse que explicarei depois! – Reynolds disse com autoridade. Algo em seus olhos me fez vacilar. Decididamente não gostava desse homem. – Agora minha querida, descanse que mandarei uma enfermeira vir te buscar para fazer os exames. - estava claro que ele se controlava agora, provavelmente para não explodir como havia feito.
- Que exames são esses? – perguntei cautelosa. Se fosse para escolher em quem nessa sala eu duvidaria, Reynolds seria disparado a primeira opção.
- Querida, sabemos que está confusa, mas deixe o Dr. Reynolds trabalhar. Ele sabe o que está fazendo e foi ele quem tem te ajudado a melhorar até agora – disse Lílian, tomando a iniciativa antes que o médico se descontrolasse mais uma vez.
- Mas... – comecei a dizer.
- “Mas” nada mocinha. Você vai é descansar até a enfermeira chegar. – no exato momento em que Kourt disse isso, uma enfermeira entrou no quarto.
- Ah, ótimo. - sorriu Reynolds, obviamente aliviado. - E, para que você não fique apreensiva de novo, te digo o que vai acontecer. - disse o doutor, me olhando com severidade nos olhos. - Você irá fazer radiografias onde terá que tomar um líquido azul, que fará com que os resultados sejam mais precisos. Agora, aos exames.
Fui levada por um corredor que parecia não ter fim. Conforme via as lâmpadas no teto passarem despercebidas, tentava por algum sentido em tudo aquilo. De repente, a enfermeira parou de empurrar a maca e me disse para levantar. Sentei, me sentindo tonta, e ela me ajudou a levantar. Assim que meus pés tocaram o chão, vacilei.
- Opa! – disse a enfermeira sorrindo. – Firme aí querida! Não queremos mais curativos não é mesmo? – porque todos me chamavam de querida o tempo todo? Estava começando a me irritar.
Apenas meneei a cabeça e comecei a andar, ainda apoiada em seus ombros. Ela me conduziu para uma sala mal iluminada e com cheiro de mofo, que me fez querer sair dali no momento em que entrei. Me segurando para não vomitar ali mesmo, ela me conduziu para uma cadeira, que se encontrava disposta ao lado de várias outras, onde pessoas que fitavam o chão ou tinham o olhar perdido estavam sentadas.
- Se precisar de qualquer coisa, é só falar com a Debby. – disse a enfermeira apontando para uma mesa vazia. – Ela deve voltar a qualquer momento. Espere aqui que outra enfermeira vai chamar seu nome. – instruiu- me. - Assim que ouvi-lo, siga o corredor e entre na segunda porta a esquerda, tá?
- Segunda à esquerda. Tá. – murmurei indiferente.
- Ótimo. – disse ela. – E querida, mais uma coisa: não preste muita atenção ao que estas pessoas disserem. São pacientes em estado pós-traumático e não se encontram em seu perfeito juízo. - com isso, deu meia volta e saiu pela porta em que entramos.
Parei então, para olhar ao redor. A sala consistia apenas em uma mesa de escritório muito bem arrumada, como se não fosse usada a tempos, um bebedouro e das infinitas cadeiras ocupadas por várias pessoas. Foi então que uma delas me chamou a atenção. Era uma senhora, velha o bastante para ser minha avó, que se sentava a duas cadeiras de distância. Ela tremia apesar de não fazer frio e segurava um terço, murmurando palavras inteligíveis. Só então eu percebi que ela tremia de medo. E então, reparei que não era apenas a senhora que se encontrava nesse estado. A maioria das pessoas estava quieta, porém nervosa, como se esperassem que algo de ruim iria acontecer a qualquer instante. “Pacientes em estado pós-traumático” dissera a enfermeira.
- Você é novata aqui? – quase morri de susto. A mulher ao meu lado falou comigo tão baixo que não tinha certeza se realmente tinha acontecido.
- Sou. – respondi, no mesmo tom baixo.
- Hmm. – disse a mulher. Reparei então que era uma senhora. Deveria ter uns 80 anos, tinha cabelos brancos como a lua e usava roupas puídas. Se passasse por mim na rua, poderia pensar que era uma sem-teto.
- Freddy Kingsley. – chamou uma voz do final do corredor. No mesmo instante, um garoto com no máximo 10 anos se levantou da cadeira e, chorando, seguiu pelo corredor. Quando ele se foi, vi o homem que estava ao seu lado suspirar com pesar.
- O que houve com ele? – perguntei a mulher ao meu lado. – Porque está chorando?
- Agatha. – limitou-se a murmurar a senhora.
-Como disse?- indaguei
- Agatha. - tornou a dizer. - Meu nome. Meu verdadeiro nome.
- O que quer dizer? – perguntei curiosa. – O que quer dizer com o seu verdadeiro nome?
- Me chamam de Aggy por aqui. Dizem que Agatha é muito grande, muito ruim de falar. Mas sempre falam isso.
- O que você quer dizer. – murmurei confusa. – Eu não estou entendendo.
- O menino que acabou de sair, Freddy. O nome dele é Frederico. Assim como todo mundo, diminuíram o nome dele também. Qual o seu verdadeiro nome? Você ainda deve se lembrar é novata pelo jeito. Eu faço um esforço enorme para lembrar o meu. Tenho que ficar repetindo constantemente para evitar esquecê-lo.
- Suzannah. Meu nome é Suzannah. E só tenho um, não me chamam de mais nada. Realmente não estou entendendo nada do que a senhora está dizendo. Por favor, explique. – pedi.
- Então você ainda não sabe? – perguntou Agatha admirada.
- Não sei o que? – retorqui.
- Deixe- me te perguntar uma coisa Suzannah: Como você veio parar aqui? Você sabe me dizer isso? Do que você se lembra antes de acordar no quarto hein? Nada, não é mesmo?! É porque não pode lembrar Suzannah. Eles apagam tudo, até o último pedaço de memória.
- Mas do que você está falando? Vo... Você é uma paciente com sintomas...
- Pós-traumáticos? É, disseram isso pra mim quando vim para cá da primeira vez. Alías, dizem isso para todos na primeira vez. – disse Agatha triste.
- Mas... Mas não é verdade. O que você disse, de não se lembrar de nada antes de acordar aqui. Eu me lembro de algo. Bom, na verdade não sei bem se é uma memória, uma lembrança. É mais como uma lembrança de um sonho. Uma voz de menino que me diz que não é real. Que é para eu me lembrar da verdade.
- Ah Meu Deus! Você é uma errata! – disse Agatha, verdadeiramente surpresa.
- Como disse? – perguntei. Ela havia me xingado ou algo do tipo? Errata era disso que ela me chamara?
- Escute Suzannah, você tem que fugir daqui! Saia correndo e não fale com ninguém!
- Mas como assim! Como vou fugir? E vou pra onde? – comecei a ficar realmente assustada. Será que eu estava falando o tempo todo com uma louca. Vai ver que eu estava numa ala psiquiátrica.
- Aggy. – chamou a voz do corredor.
- Ouça Suzannah, fuja!- disse a senhora com pressa agora. - Não deixe que a peguem!
- Aggy. – chamou a voz novamente, dessa voz um pouco mais incisiva.
- Corra Suzannah! - disse Agatha, se dirigindo ao corredor.
- Mas e a senhora? – perguntei meu tom de voz uma oitava mais alta por causa do surto de adrenalina. – Vai ficar bem?
- Vou. – disse Agatha. - Já faço parte disso há algum tempo infelizmente. E Suzannah... - disse ela, virando-se para mim agora. - Não importa o quanto te perguntem, nunca conte a eles sobre a sua memória
-Minha memória? - perguntei confusa. - Você quer dizer a frase de que me lembro? Agatha espere! – falei mais alto agora, já que ela desaparecia pelo corredor, assim como o garoto.
- Eu não falaria tão alto se fosse você. - disse um homem que se sentava perto de mim. - Só irá chamar atenção para você mesma. Não é algo que a maioria quer por aqui.
- Mas... mas aquela senhora... Agatha me mandou fugir e... eu não sei... eu estou tão... confusa. – consegui dizer finalmente. Não sei se acreditava ou não na mulher. Por enquanto, optaria por não.
- Todos estamos. - disse-me o homem. - Mas deixe eu te fazer uma pergunta...
- Suzie. - chamou a voz do corredor, interrompendo a fala do homem ao meu lado. Levei um minuto para perceber que ela chamara meu nome. Comecei a tremer.
- Já te falaram do líquido azul? – perguntou- me o homem.
- Sim, acho que sim. - disse, me levantando da cadeira mesmo que morta de medo. Não queria que a voz me chamasse de novo, como havia feito com Agatha. - Disseram que eu teria que tomar para fazer a radiografia.
- Hahahahahahahaha... - o homem ao meu lado começou a rir histericamente. -Radiografia! Hahahahahaha! Essa é boa! – dizia o homem, se contorcendo de tanto rir. - Líquido azul! Líquido azul!
- Suzie. – chamou a voz do corredor. Comecei a andar rapidamente, deixando para trás o homem que ainda delirava, falando do líquido azul.
“Pacientes em estado pós-traumático” lembrei-me, enquanto girava a maçaneta da segunda porta a esquerda. São apenas pacientes em estado pós-traumático.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

The Truth : Suas memórias não estão mais seguras.

Nota: Se for reproduzir esta história, por favor avisar e copiar o link. Todos os personagens são fictícios. Esta história se chama "The Truth" que significa "A Verdade". Leia do primeiro capítulo para cima.



Prólogo

“Não é real. Não esqueça da verdade.” É só do que me lembro. E depois tudo ficou negro.

Capítulo Um

Hospital Sendridge, Londres. 3h 45 pm

O sol batia em meu rosto. Tentava pedir para alguém fechar a cortina mas meus pedidos eram apenas murmúrios. E então veio a dor. Começou na minha perna e foi lentamente se espalhando pelo resto do meu corpo. Quando chegou á cabeça, ficou insuportável. Onde eu estava? Deveria doer tanto assim? Fiz um enorme esforço para me mexer sem abrir os olhos, represando a dor, e quando finalmente consegui, senti algo apertar a minha mão.
- Suzie querida? Está acordada? Consegue me ouvir? – ouvi alguém dizer. Pela voz era uma mulher.- Será que ela está bem Kourt? – ouvi a moça falar, com a voz baixa e entrecortada de quem estava a beira de um ataque de choro.
- Só podemos esperar. O doutor Reynolds disse que ela ficaria bem. Que dormiria muito por causa da morfina.
- Oh Kourt, será que devíamos ter feito isso? – disse a mulher, chorosa.
- Não sei querida. Sinceramente não sei.

Hospital Sendridge. 14h 37 am

- Corra! Suzannah corra!- disse o anjo.
- Não posso. Não consigo. – tentava berrar mas meus gritos saíam como murmúrios.
- A verdade. Suzannah, não se esqueça da verdade. – implorava o anjo. Eu queria abraçá-lo. Dizer que tudo ficaria bem. Mas não conseguia. O terror vindo de seus olhos era tão intenso que sabia que não ficaria bem. Não até correr.
- Que verdade? – perguntei desesperada ao anjo.
- Não é real. – ele me disse.Passos. Alguém estava vindo. Da garganta do anjo veio um grito abafado, recheado de terror. Eu precisava ajudá-lo. Não podia deixá-lo ali.
- Venha comigo. Rápido! – gritei para o anjo. Mas ele não se moveu.
– Vamos, temos que sair daqui. – o medo se apoderava de mim. Afinal, o que exatamente estava vindo?
- A verdade. Apenas se lembre da verdade. – gritou o anjo, enquanto via sua figura clarear. Levei um minuto para entender que ele estava desaparecendo.
- Não, espere! – gritei, mas era tarde demais. Morta de medo, virei para tentar ver do que estaria prestes a correr. Então, ouvi um tiro e fui engolfada pela escuridão.

Hospital Sendridge. 14h 45 am

Acordei assustada. Então, foi apenas um sonho! Lágrimas corriam pela minha face mas não me mexi para tirá-las. Estava assustada demais. Parecera tão real. Mas em geral os sonhos são assim, não são? Só vemos que tinha algo errado quando acordamos. Minha testa estava coberta de suor. Meu cabelo estava amarfanhado no travesseiro e quando fui me sentar, reparei onde estava. Era um quarto de hospital. Pelo menos, parecia com um. Havia a cama onde estava deitada no centro, um criado mudo ao lado desta com flores, um telefone e um relógio mostrando que eram duas horas da tarde. Na parede a frente, havia um mural onde se lia Hospital Sendridge. A esquerda havia uma grande janela, que dava de frente para um parque. A direita, uma porta que deveria ser o banheiro, um tapete, um pequeno sofá e a porta. No geral, era até luxuoso. Ouvi um bipe. Aquilo me sobressaltou e eu reparei que vinha de uma máquina ao meu lado. Só então me dei conta de que estava ligada a um série de tubos.Então, parei. Só agora a realidade me atingia.
O que havia acontecido comigo? O que estava fazendo em um hospital? Um acidente? Não, não me lembrava de ter sofrido um acidente. Na verdade, não me lembrava de nada. Como havia chegado ali? Entrei em pânico. Não conhecia aquele lugar.De repente, a maçaneta girou. Não sabia o que fazer então, deitei rapidamente e me virei para a janela, fingindo que dormia.
- Não falem nada quando isso acontecer. Apenas me chamem. A verdade pode ser um tanto quanto avassaladora não concordam. – disse uma voz masculina. Havia um certo tom de ironia em sua voz rouca ou era impressão minha? Poderia jurar que no final da frase ele havia piscado.
- Sim doutor Reynolds, entendemos perfeitamente. – disse uma voz feminina. Reparei que era a mesma voz que tinha ouvido antes de dormir.
Ouvi o barulho da porta sendo fechada. Passos se aproximaram da minha cama. Senti o olhar de alguém nas minhas costas. Mãos afagaram meu rosto. A tentação de abrir o olho era imensa, mas eu a reprimi.
- Será que ela vai acordar logo?- disse a mulher.
- Não sei. O doutor Reynolds disse que seria logo. Diminuíram a dose da morfina.
- Ela vai entender, não vai? Quer dizer, será fácil não é? – perguntou a mulher, preocupada agora.
- Espero que sim. Tudo está conforme foi planejado. – disse o homem em um tom distraído.
- Mas e se ela desaparecesse? – disse a mulher apreensiva.
- Bom, se isso acontecesse, creio que ela não seria a primeira não é mesmo?
- Eu ouvi rumores. Uma criança na França se foi. Juntou-se ao grupo de abortados. Os pais mandaram procurar em todo canto, mas ela não foi encontrada. A punição foi severa para eles. Dá para entender, eu acho. Quero dizer, se elas realmente sabem o que está acontecendo, não podem arriscar. E se fossemos nós?
- Eu já lhe disse. Devemos esperar pelo melhor. Acho que se isso acontecesse, deveríamos ser inteligentes e ir junto. – disse ele em um tom sério.
- Você só pode estar brincando Kourt. Diz pra mim que é brincadeira. – disse a mulher, agora séria também.
- Não Lílian, sinceramente não estou. Começo a me perguntar porque nos envolvemos nisso. Thiago se foi junto com Rose. Acho que na verdade ele que deu a idéia. Porque não poderíamos fazer o mesmo?
- PORQUE EU NÃO QUERO MORRER. SABE O QUE FIZERAM COM OS FRANCESES QUE NÃO ENCONTRARAM A FILHA? EU NÃO VOU MORRER. E VOCÊ TAMBÉM NÃO – berrou Lílian.
- Nesse caso, devemos apenas esperar pelo melhor. Vou buscar um café. Volto já. – disse Kourt, decididamente encerrando a conversa.

Hospital Sendridge. 16h 13 am

Não havia ruído no quarto exceto pelo bipe contínuo que a máquina ligada ao meu coração produzia (descobri que estava ligada ao meu coração por causa de uma enfermeira que havia vindo me examinar minutos atrás. Lílian havia acompanhado o meu check-up e perguntara para que servia a máquina.) Enfim parecia seguro me virar para o lado da porta. Nas últimas horas eu ficara deitada em direção a janela, apenas tentando ouvir mais conversas. Infelizmente nada de importante havia sido mencionado depois de encerrada a briga entre as duas pessoas que eu conhecia apenas pelo nome, Lílian e Kourt. Levantei lentamente, o torpor tomando conta de meu cérebro. Respirei fundo, me demorando bastante para poder me acalmar. Agora, eu tinha que pensar com clareza.
Não sabia como nem porque havia parado em um hospital. Não sabia quem eram Lílian, Kourt, doutor Reynolds, Thiago ou Rose. Não entendia direito o motivo da briga do aparente casal e francamente, não sabia se realmente queria entender. Sabia apenas que eu estava na conversa e que ambos tinham medo de que eu descobrisse algo e assim, fugisse para me juntar a um grupo aparentemente chamado de “abortados”. Eles não eram meus pais. Disso eu sabia. Por mais que eu fuçasse meu cérebro, não conseguia me lembrar de meus pais, mas tinha certeza de que não eram eles. Algo nos dois me assustava, o fato de não os conhecer mas ao mesmo tempo, ter a sensação de que os conhecia de algum lugar, como uma lembrança, ou uma memória a muito esquecida. A questão então era basicamente, o que havia acontecido comigo. Não me lembrava de nada antes de acordar no hospital. Não, na verdade, eu me lembrava apenas de uma coisa, uma frase dita por alguém cujo rosto eu desconhecia: “Não é real. Não esqueça da verdade.” É só do que me lembro. E depois tudo ficou negro. Frase esquisita para uma última lembrança. Quer dizer, o que não era real? Que verdade? De repente me lembrei do sonho, do anjo me implorando para não esquecer da verdade. Poderia Ter sido ele que me disse a última frase que me lembro antes desse hospital? Não sabia. Sabia apenas tinha que descobrir a verdade logo. A verdade do anjo, que algo não era real e a minha verdade, como havia chegado aqui. A porta se abre e eu tenho apenas alguns instantes para me decidir. “É agora”, penso. Então, me deito na cama e fecho os olhos, determinada a descobrir a verdade. Toda a verdade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O egoísmo (blog antigo)

Deixem-me contar uma história para vocês:Um homem chamado Manuel era um rapaz jovem,bonito e elegante.Ele tinha tudo o que poderia querer exceto por uma coisa:ele não tinha filhas e isso o abalava.Um belo dia,seu irmão mais velho morreu,deixando suas três filhas.Como Manuel era o parente mais próximo,ficou com a guarda das filhas.Ele as criou da melhor maneira possível,mas um dia,elas cresceram e não ligavam mais para Manuel.Na tarde de uma Segunda-feira,um amigo foi visitar Manuel e ao ver seu estado,usando roupas velhas e com um aspecto horrendo perguntou-lhe o que havia acontecido e ele disse:

-Ah meu amigo,não sei o que aconteceu a elas.Eu as ensinei e cuidei da melhor maneira possível.Mas,com o passar do tempo,elas não tinham mais tempo pra mim.Só queriam sair com as amigas e não lembravam mais de mim.Agora,elas sairam de novo e aqui estou eu.

Seu amigo,indignado com o estado de Manuel,pediu lhe que vestisse roupas melhores e que fosse a praça as cinco horas para encontrá-lo.Dito isso,despediu-se e saiu.

As cinco horas,Manuel foi a praça e encontrou seu amigo.Este,subiu em um banco e falou bem alto para que todos ali presentes ouvissem:

-Meu caro amigo,nunca poderei retribuir todo o favor que me fez.Mas rogo que aceites este baú que contém um tesouro inestimável.Você nunca poderá abrí-lo,somente suas filhas,quando você morrer.Com isso,não demorou muito para que a notícia se espalhace por toda a cidade e suas filhas ,é claro,se interessaram muito.Logo,elas começaram a tratar Manuel como um rei.Infelizmente,um dia,Manuel morreu,e suas filhas ambiciosas,nem compareceram ao enterro.Subiram ao porão e lá,abriram o baú.Nele,havia apenas um monte de pedras e um papel onde estava escrito as seguintes palavras:"O amor,a caridade e a generosidade não tem preço.Espero que tenham aprendido a lição.Adeus"

Reflitam sobrfe essa história e me respondam:Vocês fariam a mesma coisa que elas?